Mensageiros de Sorriso e Luz realizam uma manhã diferente, unindo gerações com brincadeiras e gargalhadas.
É nitidamente visível a distância entre pais e filhos. Seja uma distância criada por horários incompatíveis, seja criada por costumes de gerações distintas.
Quem teve a oportunidade de comparecer na Av. Monteiro Lobato n°518, Centro de Guarulhos no dia 09 de outubro, pôde ultrapassar essas diferenças.
Os mensageiros de Sorriso e Luz em parceria com a Central de Voluntariado promoveu a Oficina de Pais e filhos, reunindo 36 participantes, com o intuito de aproximar pais e filhos.
Comandados por Pipoca Espiga, Sabonete e seu convidado Rapadura Doce – do projeto Circulo do Riso, o grupo participou de várias brincadeiras durante a manhã.
“Quando a gente cresce, perde o encanto”, diz Pipoca, antes de a primeira brincadeira começar. Sentados no chão, pais e filhos ainda não sabem o que esperar. Várias bexigas coloridas são jogadas no meio da roda de pessoas e com o aval dos palhaços, o espaço pega fogo. É bexiga pra lá e pra cá. Sempre para o alto, não pode deixar cair. Depois de um tempo, cada participante fica com uma bexiga. O que ninguém percebeu, era o papel escondido dentro das bexigas. Novamente o circulo se forma e, um a um, os balões vão sendo estourados; e todos vão imitando o que está escrito no papel: cachorro, girafa, tartaruga, pinguim, sapo, dinossauro, galinha; porém, as imitações não ficam apenas em animais, também aparecem: Homem-Aranha, Lady Gaga, Aladin, campainha, juiz de futebol, Michael Jackson, vendedora de bananas e até uma Máquina de Lavar.
As crianças, ainda tímidas, fazem as suas representações rapidamente. As palmas surgem e os sorrisos vão aparecendo aos poucos. Os pais entram na brincadeira, alguns um pouco sem jeito, é verdade, entretanto ajudam a deixar os filhos mais a vontade. Os pais apresentam os filhos; e os filhos os pais. Uma brincadeira emenda a outra. As primeiras gargalhadas saem com as macacadas de Chico – feito pelo palhaço Sabonete.
“Vizinho, empreste o seu cantinho!” Esse é o nome do segundo jogo. Em pares, pais e filhos vão correndo de um lado para o outro, para não sobrar na brincadeira. A farra recomeçou! Aos poucos, os palhaços vão retirando os bambolês do chão, fazendo suas palhaçadas pela sala.
As brincadeiras vão indo, os jogos vão mudando; entretanto, a mensagem dos palhaços vai ficando cada vez mais clara. “Quando ficamos grandes, mais velhos, pensamos em tanta coisa, que esquecemos o mundinho dos nossos filhos”, explica Pipoca. “Mesmo um pouco cansados, eles (os filhos) merecem toda a nossa atenção”, complementa.
Em outros dois jogos, mostram realmente como os pais estão distantes dos filhos. No primeiro deles, os papéis se invertem. Os filhos começam a imitar os pais e vice e versa. Mas, é lógico, que as imitações das crianças são as mais engraçadas e mostram a realidade. “Filha, pega lá meu chinelo”, imita a pequena Giuliana, de 8 anos. “Não, filho! Hoje o pai está cansado” e “Desliga esse computar menina!”, são outras falas dos pais presentes na brincadeira.
No segundo, a impressão que é passada é de os filhos, não conhecem as brincadeiras favoritas dos pais. Cada um vai lembrando sua brincadeira preferida: bolinha de gude, queimada, rouba bandeira, taco, mãe da mula, cobra cega...
Para encerrar todos se unem para um lanchinho, e com uma oração, agradecem a manhã divertida.
E assim pais e filhos passaram a manhã se redescobrindo e se divertindo de uma forma improvável no dia-a-dia.
Curiosidades
O grupo de Mensageiros de Luz e Paz formou-se há 07 anos dentro da Cia Bandoid’s de palhaços. Desde então visitam hospitais na área infantil, tendo como objetivo o riso. Atualmente, todas as manhãs de domingo estão no Hospital da Criança em Guarulhos. O projeto é idealizado por Mauricio Moraes (Pipoca Espiga) e Cláudio Freitas (Sabonete).
A Inspiração
A idéia de levar alegria a crianças hospitalizadas nasceu em 1986 quando Michael Christensen, um palhaço americano, diretor do Big Apple Circus de Nova Iorque, apresentava-se numa comemoração num hospital daquela cidade, quando pediu para visitar as crianças internadas que não puderam participar do evento. Improvisando, substituiu as imagens da internação por outras alegres e engraçadas. Essa foi a semente da Clown Care Unit™, grupo de artistas especialmente treinados para levar alegria a crianças internadas em hospitais de Nova Iorque.
No Brasil, em 1991, foi fundado em São Paulo por Wellington Nogueira o Doutores da Alegria, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que realiza cerca de 75 mil visitas por ano a crianças internadas em hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. O trabalho dos doutores da Alegria foi incluído duas vezes pela Divisão Habitat da ONU entre as melhores práticas globais.
* Por Renata Souza E Willian Nunes